O seu olhar cansado de olhar, fecha os olhos
Na espera de que o dia termine, por hora
Um bocejo, um aceno e a vontade de sumir
Outro dia, mais um dia, ele está aqui
No seu rosto, enfastiado, a marca de quem chora
Um rito de passagem de quem vai embora
Seu sorriso de tão falso se partiu no meio
Tornou-se esgar, a impaciência de quem deseja ir cedo
E o bilhete de passagem só te leva a sua casa
Um lugar tão sufocante que nem pode se mover
Eu conheço você daquela tarde
Que o almoço findou em som vermelho
Aquele som que empresta ao sonho um pesadelo e solidão
E toda a mão que lhe ergueu pela mão já o tinha posto ao chão
O bilhete de passagem não parava o tempo
Nem podia erguer
No silêncio que se segue reconheço os seus olhos
Me reconheço em você
Aquele horror que empresta a dor a força pra não se mover
E toda dor que cortou seu ser, sangrou a calçada inteira
A tarde inteira a escorrer
A vida inteira a escorrer
Já o tinha posto ao chão
quarta-feira, junho 16, 2010
A escorrer
Escarrado por
Folículos-abrasadores
Banhado:
Poetetia-Casta
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