quarta-feira, maio 26, 2010

Enchente

Enquanto gritava entre dentes

Resguardando a desforra

Lutava passo por passo o continuar de sua história

Era frio, ou era quente, era o fim claro sem rumo

Chovia pedras sangrando que rasgavam o solo infecundo

No limiar da tormenta, uma voz inumana esbravejava

No rotundo céu negro, a resposta trovejava

Tão complexo o ar não cabia entrar traquéia adentro

Os braços a bater sem compasso, choramingava em silêncio

Forcejando os calcanhares a encontrar qualquer porto

Deixou a esperança naufragar sem qualquer esforço

 

Aquele homem gritava para si, entre dentes

Amaldiçoando Deuses inexistentes

Cascas vazias que sabia, agora

Não teria céu, outra vida, para a desforra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário