sexta-feira, setembro 16, 2011

Encanto

No canto onde cantar encanta só o jarro, no canto estranho onde nem cantar espanta, um pensamento se forma e toma conta, a verdade que invento me toma. Quando vejo estou embebida de dor e tormento, o canto rachado eu nele. Esfrego a cara e o choro aumenta, espero passar a tarde e a noite entra, abrindo a cortina com vento, derrubando o jarro de água, ela e minhas lágrimas empapando o chão. E será que ainda aguento? Enfrentar sem medo minha mente tonta, que quer sofrer e faz de conta que tudo a minha volta me encontra pra me botar arrastada, suja e descalça na estrada, cheia de horror e confusão. Logo de volta ao canto de onde vim, onde ao cantar assim, com a voz rachada, sangrando, eu via o vazio maciço tomar meu pranto, e arrancar meu chão. Vou levar do canto o canto, o que canto pra cessar o momento, o pensamento, o encanto que já fiz cessar. Nada sobra, além de cacos, e um asfalto que me aguarda e escolhi para adornar a tristeza paga que acabei de quitar.

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