E lá vinha o homem: ajeitando a gravata, com o olhar preso nela. Estava receoso, como travado em seus movimentos.
Ele tinha uma caixa de veludo em suas mãos. E ela não podia crer que seria nessa data, o dia dos amantes, que ele pediria sua mão.
Ela aceitou, deveras. Estourou de alegria naquele dia, e nos meses que se seguiram. E o casamento foi lindo. Ela amava-o sem reservas. Ele tanto quanto.
Então vinte anos se passam e lá vem o homem novamente: ajeitando a barriga acima das calças, com o olhar grudado na bunda da garçonete. Estava meio alcoolizado, quase beijando o chão no percurso.
Ele tinha um ramo de flores na mão direita. E ela não podia crer que estavam murchas. Entoou a ladainha degradante de sempre, como se isso não cansasse. Era dia dos namorados, como todo doze de junho.
Mas não eram nem o mesmo homem, nem a mesma mulher.
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